domingo, 6 de fevereiro de 2011

O que é comunicação?

O termo comunicação é originário do latim communicatione, que significa "ato ou efeito de comunicar, de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da língua falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado (sonoro e/ou visual); Capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar com vista ao bom entendimento entre pessoas; Convivência (...) (NOVO AURÉLIO DO SÉCULO XXI, 1999).  A reflexão etimológica da palavra comunicação nos faz compreendê-la em duas dimensões básicas. Primeiramente, como uma ação unidirecional que sai de um ponto (emissor) para outro (receptor) e implica na mera transmissão de informação. A segunda dimensão da comunicação é compreendê-la como um ato participativo que se dá entre pessoas, grupos e/ou organizações.

Inúmeros estudiosos conceituaram comunicação a partir dos construtos teóricos (sociológicos, psicológicos, antropológicos, etc.) que tomam como referência. Deste modo, há conceitos que se aproximam pelos pressupostos subjacentes podendo ser categorizados em um mesmo modelo explicativo do processo comunicacional e outros que se distanciam pelo mesmo motivo.

Para Charles Cooley (apud MATOS, 2009, p. xxix), comunicação é o "mecanismo através do qual existem e se desenvolvem as relações humanas". Nesta definição temos expressa o ato de comunicar como uma necessidade básica de estabelecer e desenvolver vínculos com outros da mesma espécie, está associada a relacionamentos, capacidade de interagir com outros indivíduos e com a sociedade.

Outro teórico conceituado, Warren Weaver, a define como "todos os procedimentos por meio dos quais uma mente pode afetar outra mente. Isso, obviamente,  envolve não somente a linguagem escrita e oral, como a música, artes pictóricas, teatro, balé e, na verdade, todo o comportamento humano" (apud MATOS, 2009, p. xxix). O que se revela nesta definição é que a comunicação tem a função de persuadir, influenciar outras pessoas. É a ideia de que tem alguém que persuade, por isso assume uma postura mais ativa (emissor), e outro(s) que seria(m)  influenciado(s) e adota(m) uma postura passiva (receptor).

Gasnier (2008, p.12) diz que comunicação é "o processo de transmissão e compreensão de informações, sejam ideias, conceitos, dados, instruções, autorizações, recados, histórias ou lições, nos dois sentidos e através do uso de símbolos, cujos significados são comuns aos envolvidos". O conceito mencionado aponta explicitamente para o fato de que a compreensão da mensagem é requisito para que haja comunicação e que esta se dá numa 'via de mão dupla' desde que os códigos utilizados sejam compartilhados pelas pessoas que estão engajadas neste processo comunicacional.

O estudioso da comunicação e representante da Escola americana de Palo Alto, Paul Watzlawick (apud STROCCHI, 2007) menciona cinco axiomas da comunicação: 1) Não se pode não comunicar. Toda a linguagem do corpo, a gestualidade, a mímica, o traje, o olhar ou o silêncio permitem comunicar ou transmitir uma mensagem; 2) Em toda comunicação há sempre dois níveis: um de conteúdo, e outro de relação. Se o professor diz ao aluno que não estudou: "Você é um burro, um vagabundo! Deveria se envergonhar!" está transmitindo uma mensagem de reprovação e zombaria. Se, ao contrário, disser: "Com as capacidades que tem, você poderia fazer muito mais. É uma pena!" estará transmitindo uma mensagem de pesar. Ainda que o conteúdo seja praticamente o mesmo, o impacto emotivo é diferente; 3) Todas as trocas de comunicação são simétricos ou complementares, conforme se baseiem sobre a igualdade ou sobre a diferença. A comunicação entre uma pessoa que ocupa posição superior à outra, como por exemplo professor-aluno, será menos espontânea, aberta e íntima, do que em se tratando de uma relação estruturada sobre o critério de igualdade, como entre dois amigos; 4) A discordância sobre como pontuar a sequência dos eventos está na raiz de inumeráveis conflitos de relação. Dito de outro modo, os conflitos entre as pessoas derivam de pontos de vista diferentes: aqueles que pensam do mesmo modo não brigam; e 5) Existe um módulo comunicativo verbal e um não verbal. Em nossa sociedade é dada muita importância ao aspecto verbal, que possui, porém, 15% de importância no processo de comunicação. Existe depois o aspecto paraverbal, que compreende o tom de voz, a velocidade do discurso, as pausas... que ocupa 15% do processo. O aspecto não-verbal, ao contrário, tem uma influência de 70% na comunicação.




Aproveitando a categoria acima citada de que a comunicação pode ocorrer numa dimensão verbal e não-verbal há autores que enfatizam que o significado mais importante que as pessoas compartilham com outras é transmitido pelo comportamento. Os comportamentos são vitais para o processo de comunicação e o intercâmbio pessoal e comportamental da comunicação assume muitas formas, desde a comunicação não- verbal, passando pela comunicação interpessoal até a a comunicação de massa através das mídias eletrônicas e digitais.

De um modo geral entendemos que comunicação é algo complexo que resulta de uma série de variáveis que entram em jogo no ato de se comunicar. A comunicação tem a ver com nossos processos mentais e intelectuais, com diferenças individuais, sociais e culturais. Tem a ver com diferentes situações e contextos em que ela ocorre. Segundo Matos (2009, p. xvii), comunicação tem a ver com

[...] as influências externas que recebemos - como sensação, percepção. Tem a ver com nossos processos internos - como interpretação, compreensão, significado, atribuição, atenção. E tem a ver com as influências externas que provocamos em nosssos semelhantes - como influenciação, liderança, motivação, sugestão, emulação. Mas, acima de tudo comunicação tem a ver com relacionamento, intração, conectividade, convivência, coesão, compartilhamento, cooperação, comprometimento, aprendizado, mudança, inovação e, também, com ética, transparência e responsabilidade.

Convidamos você a se lançar neste mundo do aprendizado sobre comunicação e desvendar os segredos daqueles que são considerados bons comunicadores. O desafio está lançado.




REFERÊNCIAS

GASNIER, Daniel Georges. Comunicação empresarial: guia prático. São Paulo: IMAM, 2008.

MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação empresarial sem complicação: como facilitar a comunicação na empresa, pela vi da cultura e do diálogo. 2. ed. rev. e ampl. Bueri, São Paulo: Manole, 2009.

STROCCHI, Maria Cristina. Psicologia da comunicação: manual para o estudo da linguagem publicitária e das técnicas de venda. São Paulo: Paulus, 2007.