quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Marco Inicial da Comunicação Empresarial

Poucas são as áreas do conhecimento que podem dizer com clareza o momento em que foram criadas. No livro de J.R. Whitaker Penteado, Relações Públicas nas Empresas Modernas, o autor relaciona o surgimento desta atividade profissional com um evento ocorrido em 1873, nos Estados Unidos da América.
            O que de fato aconteceu nesta época foi que o empresário havia dado ordem para suspender o tráfego em um pequeno ramal, cujos resultados financeiros vinham sendo negativos. Apanhado de surpresa nas estações de embarque, de um dia para o outro, o público reagiu promovendo desordens. Como é de se esperar em situações como esta houve a entrada da polícia com tiroteio contra um povo enfurecido. Houve mortes e feridos. Isto não fez com que o tráfego nesta área fosse restabelecido. Durante dias continuaram as desordens.
Para fazer a cobertura deste evento, o responsável pelo Times deu a cobertura do ocorrido para um jornalista principiante. Estes, geralmente, são encarregados das matérias ditas impossíveis ou mais difíceis o que segundo o autor é motivo de divertimento dos veteranos.
-          Quero que obtenha uma entrevista exclusiva com o Comodoro William D. Vanderbilt. Se conseguir, você ganha uma primeira página e uma semana de salário extra!
Como também acontece com os “novatos”, este repórter conseguiu a entrevista com o inacessível presidente da estrada de ferro. A entrevista desenvolveu-se de forma tumultuada e, quando o Comodoro foi questionado pelo jornalista sobre as providências que iria tomar para restabelecer o tráfego – única maneira de satisfazer os anseios de uma pobre população operária, à qual faltavam outros meios de transporte para se locomover de suas casas para os locais de trabalho – o Comodoro Vanderbilt, exasperado pela ousadia, acabou expulsando o repórter da sua sala berrando, enquanto dava terríveis murros na mesa:
-          O público vá para o inferno!
            Foi exatamente essa a frase que o secretário do jornal aproveitou para abrir a manchete da edição do seu jornal, adornando-a com a fotografia do Comodoro. O impossível às vezes acontece. E foi o que aconteceu com a entrevista desastrosa do Comodoro William D. Vanderbilt. A manchete berrante caiu sob os olhos nova-iorquinos e edições sucessivas do Times começaram a sair das bancas, por toda a cidade, para as mãos dos leitores ávidos. O secretário do jornal sentiu a reação pública e aprofundou-se no assunto apontando o desprezo dos poderosos pela opinião pública e denunciando aquele e outros excessos que se verificavam todos os dias. Desencadeou-se, assim, uma extraordinária e corajosa campanha jornalística, inicialmente em Nova Iorque, e depois disseminada por toda a extensão do imenso país. Esta campanha fez surgir repórteres audaciosos e apaixonados, que começaram a contar as tenebrosas manobras que se sucediam nos bastidores das empresas contra os interesses do público. A corrupção que lavrava como uma peste nas esferas do Governo também conheceu a sua “rua da amargura”. Os grandes criminosos começaram a ser apontados e com extraordinária violência começou a afirmar-se a opinião pública.
            Uma vez desencadeada a torrente, não mais foi possível estancá-la. O público norte-americano recusou-se a “ir para o inferno”. Ao contrário, através da imprensa, numa luta de todos os dias e todas as horas, esmerou-se em dar o troco: mandar “para o inferno” os exploradores, os corruptos, toda uma cáfila que fizera da “livre iniciativa” o direito libertário de escravizar todo um povo à sua inextinguível ganância.
            Nessa época desordenada, nasceram as Relações Públicas, como atividade individualizada nas grandes empresas sob o “fogo do inimigo”. Destruídas as amarras da justa revolta popular contra os excessos do “lucro a qualquer preço”, os homens de empresa foram forçados a perceber que alguma coisa deveria ser feita – tinha de ser feita para que o país não mergulhasse num abismo sem fundo. O próprio Vanderbilt, menos de um mês depois das manchetes do Times, publicou nas primeiras páginas de todos os jornais norte-americanos uma declaração desmentindo a entrevista e oferecendo ao público a propriedade das ações da New York Central. Durante os cinquenta anos que se seguiram àquela tempestuosa manhã de 1873, à medida que se consolidava o novo poder da opinião pública, iam-se caracterizando as Relações Públicas no âmbito das empresas – uma forma de reconhecimento declarado do respeito que essas mesmas empresas passavam a dispensar àquela opinião pública por tantos anos ignorada.
            À sobranceria derradeira de Vanderbilt com o seu: “O público que vá para o inferno!” sucedeu a novidade da resposta de Ivy Lee, um corretor de anúncios de jornal que, este sim, foi o legítimo precursor dos atuais profissionais das Relações Públicas: “O público tem de ser informado!” Desta informação ao público fez a sua profissão pioneira e atingiu o ápice de sua carreira quando John D. Rockfeller, em pessoa, foi procurá-lo para submeter à sua competência profissional os seus problemas de relações Públicas.
            Ivy Lee foi o artífice de uma das mais espetaculares transformações da “imagem” de um homem perante a opinião pública de um país. Quando o procurou, por volta de 1920, John D. Rockfeller era um dos personagens mais odiados da história dos negócios. Tinham vindo a lume todas as ações tenebrosas desse homem para construir o seu império do petróleo, uma sucessão sórdida de roubos, violências, corrupção e até mesmo assassinatos. Ivy Lee teve a seu crédito não apenas a transformação da “imagem” – o que poderia ser confundido com uma forma de propaganda – mas a transformação do próprio homem, que se dispôs a colocar os seus cabedais ao serviço da humanidade através da Fundação Rockfeller, que hoje conhecemos.
            Os modestos corretores de imprensa, por força das ligações pessoais que mantinham com os jornalistas, foram sendo pouco a pouco atraídos para essa nova atividade: cooperar com a imprensa para levar ao público a informação certa, no momento oportuno. A pura propaganda – na sua acepção mais vulgar – foi sendo substituída pelas Relações Públicas – uma atividade nova, que nascia sob o signo da autenticidade, com o objetivo específico de informar corretamente. E, essa nova atividade, depois dos trabalhos pioneiros de Ivy Lee e outros, corporificou-se numa profissão definida por Edward Bernays, logo após a Primeira Grande Guerra Mundial, abriu as portas em Nova Iorque, do primeiro escritório de Relações Públicas para servir o seu primeiro cliente, o governo da Lituânia, que desejava ter a sua nação reconhecida entre os povos do mundo.

Copilado do capítulo 1 do livro: Relações Públicas nas Empresas Modernas de J.R. Whitaker Penteado.

11 comentários:

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  2. Diário de Aula 2
    Paulo Alexandre da Silva Filho – 201120587

    A aula tratou em aspectos gerais sobre o surgimento da Comunicação Empresarial. O nascimento deste tipo de comunicação está inter relacionado ao papel do Relações Públicas.
    Como foi contada a história que ocorreu em 1873 nos EUA, que transformou John D. Rockfeller de uma figura odiada para uma pessoa respeitada, após a criação da Fundação Rockfeller. E posteriormente através de Ivy Lee e outros personagem deram forma a profissão de Relações Públicas e em paralelo ajudou a compor o que chamamos de comunicação empresarial.
    A comunicação empresarial como conhecemos hoje, se dá em três grandes áreas, que seriam: a comunicação institucional, a comunicação administrativa interna e a comunicação mercadológica. Elas se somam em prol de um processo comunicativo mais eficiente da empresa envolvendo direta ou indiretamente todos os stakeholders.

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  3. Ontem a aula foi muito interessante, foi passado como surgiu à profissão de relações públicas e com ela comunicação empresarial.
    Este novo serviço surgiu quando os jornais começaram a divulgar críticas aos empresários norte-americanos que só desejavam aumentar seus lucros e não respeitava a população, principalmente a fatia operária. Foi quando o corretor de anúncio Ivy Lee deixou seu trabalho de venda de espaço publicitário nos jornais e montou o primeiro escritório de relações públicas do mundo, seria a partir de então a exposição do ponto de vista das organizações e não apenas dos veículos de comunicação.
    Este trabalho de Lee fez tanto sucesso que ele conseguiu transformar os odiados empresários em homens admirados pela opinião pública. O grande exemplo citado em sala foi do empresário de Petróleo John D. Rockfeller, que era envolvido em vários escândalos, corrupção, roubos, assassinatos, e com os serviços e orientações de Lee se colocou a serviço da humanidade com a Fundação Rockfeller, ou seja, Lee não cuidou apenas da imagem, mas da própria mudança do homem.
    Aprendemos também sobre a importância da comunicação integrada (Institucional, Mercadológica e Administrativa/Interna) e a construção da identidade corporativa das organizações, a novas exigências do público e da sociedade, a necessidade de planejar estrategicamente a comunicação e administrar relacionamentos com o público, e valorização da missão, visão e valores da organização.

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  4. Juliana Lopes - Diário de Aula (terça, 13.12)
    A importância da comunicação empresarial foi observada, pela primeira vez, no final do século XIX, devido a um fato ocorrido nos Estados Unidos. De lá para cá muita coisa mudou dentro da comunicação, mas a importância de se ter um profissional que cuide da imagem empresarial continua sendo primordial. É através da comunicação empresarial que a empresa vai criar laços fortes com seus clientes, parceiros e funcionários. Apesar de já ser utilizada pelas empresas, a comunicação empresarial está conquistando espaço aos poucos. Não são todos os empresários/gestores que conseguem enxergar a sua importância, e um dos motivos é por ser um serviço intangível, difícil de ser mensurado quantitativamente. E esse é um dos pontos mais debatidos entre os profissionais de comunicação empresarial: a falta de conhecimento e valorização do trabalho.

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  5. O surgimento da comunicação corporativa começou nos Estados Unidos, no início do século XX, a partir da necessidade das empresas divulgarem suas ações para o público. Após o desastroso “ o público que vá para o inferno”, Ive Lee percebeu uma grande oportunidade para não só atender o empresariado a fim de melhorar a imagem como também prestar esclarecimento sobre as ações das indústrias antes desconhecidas para a população. Surge então, as relações públicas. Depois de transformar a imagem de Rockfeller em benfeitor da humanidade, as relações públicas passou a ser exportada para o resto do mundo, chegando no Canadá e França nos anos 40 e surgindo no Brasil nos anos 50 durante o governo de Jsucelino Kubitschek.

    No decorrer desses anos, as relações públicas e o jornalismo com a assessoria de imprensa se confundem. E o papel do relações públicas fica destinado às grandes empresas. Hoje, vê-se a necessidade da comunicação corporativa fora da esfera empresa-imprensa. Tem de ser pensar em comunicação empresarial como um plano estratégico e fazer primeiramente um diagnóstico para identificar o ponto onde se precisa trabalhar. A comunicação corporativa pode ser dividida em comunicação institucional, mercadológica e administrativa/interna.

    Um ponto a se questionar é a mensuração desses resultados, já que poucas empresas não investem em pesquisa, o que vem melhorando com a internet. As empresas e sites expostos na net tem o feedback dos clientes, podem mostrar ações em que estejam engajadas e promove-las entre os funcionários, enfim, as pequemas e médias empresas estão, de forma mais democrática, entrando na comunicação corporativa com mais profissionalismo e com foco em solucionar problemas e solidificar a imagem institucional da corporação.

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  6. Diário de Aula (terça 13/12)

    Graças a Ivy Lee o que seria um grande problema acabou sendo transformado em uma grande oportunidade. Assim se deu inicio o que viria a ser a comunicação empresarial (que pode ser dividida em comunicação institucional, comunicação administrativa e a mercadológica) e o surgimento da figura de relações publicas.

    Hoje em dia a marca/imagem das instituições são fundamentais. A estratégia de qual seria a perfil da empresa bem como a forma com que essa “personalidade” será passada para o publico interno e externo e um ponto chave, uma vez que a concorrência e a tecnologia faz com que cada vez mais empresas se igualem e ate mesmo se confundam.

    A possibilidade de agregar conceitos e personalidade a uma empresa e sua marca pode ser certamente um grande fator de posicionamento de mercado e consequentemente de resultados econômicos para as instituições.

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  8. FBV.GESTÃO DE PESSOA -1 PERÍODO MAHNÃ
    FABIANA ARAÚJO DE LIMA

    ACHEI EXCELENTE O TEXTO;ONDE NOS LEVA A CRE QUE PARA LHE DAR COM PESSOAS REQUER SIM A COMUNICAÇÃO.POIS SEM A COMUNICAÇÃO NÃO CONQUISTAMOS PESSOAS NEM CHEGAREMOS À LUGAR ALGUM.

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    2. Oi, Fabi! Acredito que você deve ter postado um comentário sobre algum outro texto lido no blog mas não em relação ao Marco da comunicação empresarial, sugiro que leia os textos sobre: Por que nos comunicamos e O que é comunicação?

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  9. O texto nos mostra como a comunicação era pouco valorizada no século XIX, e foi quando ocorreu em 1873 nos E.U.A o fato onde o empresário Vanderbilt suspendeu em algumas estações o tráfego de trem ocorrendo assim manifestações com mortes e feridos.
    Um jornalista principiante foi enviado para fazer a cobertura do acontecia, este jornalista questionou quais seriam as providências a ser tomada e Vanderbilt expulsou o jornalista e gritou: “O público vá para o inferno!”
    E assim surgiu em Nova Iorque e se espalhou pelo país várias campanhas que mostravam as manobras feitas contra o interesse público.
    E então no século XX surgiu as Relações Públicas, quando Rockfeler procurou Ivy Lee para mudar sua imagem de Patrão sanguinário para benfeitor da humanidade, onde não só mudou a imagem, mas também o homem.

    Comunicação empresarial é a interação da imagem da empresa com o público interno e externo, ou seja, prestadores de serviços, família dos funcionários, fornecedores, clientes instituições financeiras e etc.
    Vimos também que a comunicação empresarial integrada está dividida em três áreas, que são: a) Comunicação institucional; b) Comunicação mercadológica; c) Comunicação interna/administrativa.

    Beatriz Oliveira Burgos
    Gestão de Pessoas 1A - Noite

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